Mercado Livre e Netshoes protestam contra aumento de até 51% de frete dos Correios
O Mercado Livre e a Netshoes se uniram em um campanha online contra o aumento no frete de entregas PAC e de Sedex anunciado pelos Correios em 27 de fevereiro e que passou a valer na terça-feira (6).
De acordo com a estatal, o reajuste seria de 8%, em média, para objetos postados entre capitais, além de uma cobrança extra de R$ 3 por questões de segurança nas entregas destinadas à cidade do Rio de Janeiro.
Porém, o estudo das empresas da internet para a ação #FreteAbusivoNão indica que a alta pode chegar a 51%, enquanto a média do reajuste ficaria próxima a 30%. A campanha defende que o preço das entregas suba no máximo cerca de 3%, patamar da inflação de 2017.
Os Correios respondem que “trata-se de uma revisão anual, a exemplo do previsto em contrato. A definição dos preços é sempre baseada no aumento dos custos relacionados à prestação dos serviços, que considera gastos com transporte, pagamento de pessoal, aluguéis de imóveis, combustível, contratação de recursos para segurança, entre outros”.
Leandro Soares, diretor do Mercado Livre, afirma que o aumento afetaria mais de 110 mil famílias que têm as vendas no marketplace como principal fonte de renda. “A medida deve prejudicar também os mais de 50 milhões de consumidores que compram online no Brasil, principalmente aqueles que vivem em áreas distantes dos grandes centros, que pagarão ainda mais caro que os moradores das capitais”, ressalta.
Um pacote enviado, por exemplo, de Joinville (SC) a Fortaleza (CE) poderia passar de R$ 54,02 para R$ 81,51, um aumento de 50,89%.
Graciela Kumruian, diretora de operações da Netshoes, diz que a loja já tinha um plano de redução da dependência dos Correios justamente por observar a falta de flexibilidade para negociações, o monopólio que existe, as greves que prejudicam a entrega do serviço.
Para isso, utilizam outros parceiros de entrega. “Mas caso a decisão dos Correios seja mantida será inevitável repassar pelo menos parte disso ao cliente”, afirma.
Graciela, com essa situação, vê uma oportunidade de inovação que pode ser aproveitada pelos players do setor nesse campo logístico.
LIMINAR
Na sexta-feira (2), o Mercado Livre conseguiu uma primeira vitória na Justiça Federal. Foi concedida à empresa uma liminar determinando que os Correios não apliquem os reajustes de frete aos clientes dela.
“A decisão confirma a visão da companhia de como uma medida unilateral dos Correios pode impactar seriamente a inclusão geográfica, digital e econômica, especialmente para aqueles clientes das regiões mais remotas do país”, divulgou a companhia.
Em nota, os Correios dizem que já foram notificados e estão trabalhando para obter a suspensão da liminar. Enquanto isso, a empresa diz estar cumprindo a decisão judicial, que se aplica somente às postagens do Mercado Livre.
TAXA EXTRA NO RIO DE JANEIRO
Como reportagem da Folha mostrou, o Estado registrou em 2017 um roubo de carga a cada 50 minutos e virou líder em ocorrências no país. Empresas têm pedido caminhão blindado até para levar carne.
Soares, do Mercado Livre, reconhece o problema de segurança no Rio que afeta boa parte das entregas na região, mas defende que o custo extra de R$ 3 não deve ser repassado. “O consumidor não pode ser punido por essa situação.”
A diretora da Netshoes relembra que o problema não é exclusivo do Rio de Janeiro. “Os roubos de cargas acontecem em todo o país. É uma questão de segurança pública”.
A Netshoes está atenta a esse cenário adverso e vem estudando medidas visando levar mais possibilidades aos seus clientes, destaca. “Por isso, trabalhamos com mais de 15 parceiros logísticos, tecnologias integradas e SLA (acordo por nível de serviços) devidamente estabelecidos, mantendo sempre o foco e o esforço para entregar boas experiências de compra online.”
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