‘Starbucks de cânabis’ investe US$ 2 milhões para combater estereótipo de ‘maconheiro’
A MedMen é uma das maiores varejistas de maconha na Califórnia, que legalizou o uso recreativo em 1º de janeiro deste ano. As novas regras já mostram efeitos nas vendas e, de acordo com a empresa, em algumas lojas já é possível observar um aumento de 500% na receita.
Apelidada de “Starbucks da cânabis” e de “Apple Store da maconha”, a marca tem 18 lojas distribuídas pela Califórnia, por Nevada e Nova York e quer desmistificar o consumo de produtos derivados da erva.
“O público nos chama assim e ficamos lisonjeados, pois são grandes empresas, tradicionais. E esse é o ponto: tornar a maconha normal”, afirma Daniel Yi, vice-presidente de comunicação da MedMen.
A empresa apresentou a campanha “Forget Stoner” (“Esqueça o maconheiro”, em tradução livre) como uma das principais ações do ano, a fim de quebrar o estereótipo do usuário. Não quer mais aquela visão de Cheech & Chong, dupla humorística que fez sucesso nos anos 1970 e 1980 com caracterização de hippies.
A ideia é apresentar diversos perfis de pessoas que usam cânabis —seja de forma recreativa ou com produtos medicinais. Policial, professor, executiva, treinador, ex-atleta e até uma avó estão entre os personagens fotografados para a ação. “São clientes e amigos que toparam participar”, afirma o vice-presidente da MedMen.
A MedMen investiu cerca de US$ 2 milhões na ação, que inclui pelo menos 35 outdoors e diversas peças em áreas simbólicas como Beverly Hills, ruas de Santa Mônica e no centro de Los Angeles (Califórnia), além de anúncios em algumas publicações impressas como LA Magazine and San Diego Magazine durante o verão.
Como parte da estratégia, a empresa também lançou sua própria revista: a Ember, trimestral e dedicada à cultura da cânabis.
“Queremos fazer a maconha normal, como o uísque, vinho”, diz Daniel Yi, que faz uso recreativo. “[Maconha] não é só pra ficar loucão. Ajuda em tratamentos, alivia dor”, completa.
A campanha tem como alvo os estados da Califórnia e de Nevada, que legalizaram o uso recreativo recentemente. Hoje, a maconha pode ser consumida por adultos em nove estados americanos, além de permitida para uso medicinal em outros 20.
Daniel Yi, obviamente, defende a legalização da maconha como forma de combater a criminalidade, mas ressalta que é preciso usá-la com responsabilidade.
“Não queremos que coisas ruins aconteçam. O álcool foi liberado e criou o alcoolismo? Não, ele já existia”, rebatendo questões sobre dependência química.
CRESCIMENTO NO MERCADO
Em 20 de abril, conhecido extraoficialmente como Dia da Maconha, a MedMen abriu uma loja conceito na Quinta Avenida, um dos principais pontos de Nova York.
A venda legal de cânabis nos EUA é estimada em cerca de US$ 7 bilhões por ano e deve chegar a US$ 75 bilhões até 2030, de acordo com o banco Cowen Group.
O mercado novaiorquino é restrito e apenas pacientes com certificações podem comprar produtos derivados da maconha para uso medicinal. Mas a marca, de olho na expansão, quer mostrar suas mercadorias e seu pensamento para um público global e futuros consumidores que passam por ali.
“Esta loja representa o futuro”, disse o presidente-executivo Adam Bierman. “Essa é uma forte demonstração de que a Cannabis pertence ao mainstream e pertence à Quinta Avenida.”
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