Plataforma de streaming reúne cenas de violência contra mulher em novelas e filmes para incentivar denúncias
O Instituto Maria da Penha criou uma plataforma de streaming com diversas cenas de violência contra a mulher em séries, filmes e novelas para conscientização sobre o tema.
Criada pela agência F.Biz, a ferramenta 180Play define os cinco tipos de violência: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. “Seja na vida real ou na ficção, milhares de pessoas presenciam atos de violência doméstica todos os dias, mas nem sempre conseguem identificá-los”, diz a organização não governamental sem fins lucrativos.
Fundada em 2009, a instituição tem como missão “enfrentar, por meio de mecanismos de conscientização e empoderamento, a violência doméstica e familiar contra a mulher”.
Entre as reproduções da campanha estão cenas como a de “Tropa de Elite”. Nela, o capitão Nascimento (Wagner Moura) entra em casa e fala em tom agressivo com sua mulher Rosane (Maria Ribeiro). “Não abre a boca pra falar mais do meu trabalho nessa casa […] Quem manda nessa porra aqui sou eu”, brada o chefe do Bope no filme.
Além do filme dirigido por José Padilha, longas como “Titanic”, “O Homem Invísivel”, “Pulp Fiction” estão na lista. Na seção de séries, há “Grey’s Anatomy”, “As Telefonistas”, “Orange Is the New Black”, “Buffy, a Caça Vampiros”, por exemplo. Já em novelas há cenas de “Fina Estampa”, “A Favorita” e “Totalmente Demais”.
“A cultura popular pode incentivar involuntariamente comportamentos censuráveis e graves, porque banaliza situações mesmo quando tenta denunciá-las”, afirma Fernand Alphen, copresidente-executivo da F.biz.
“O objetivo desse trabalho foi o de apontar, com didatismo por meio de uma seleção de cenas de filmes, séries e novelas, diversos tipos de agressão contra a mulher e, assim, alertar a todos, principalmente às vítimas, sobre a importância da denúncia contra os agressores”, diz o executivo.
Segundo Conceição de Maria, cofundadora e superintendente-geral do IMP, a informação é uma grande aliada na prevenção e combate à violência doméstica. Ela observa a ampliação do acesso à lei Maria da Penha fundamental, principalmente durante o período de quarentena e isolamento social.
“Reconhecer que está em uma situação de violência é um passo importante para a mulher buscar ajuda e quebrar o ciclo da violência”, ressalta.
Além de trazer informações sobre o assunto, a plataforma permite que o usuário realize denúncias dentro do ambiente do site, que tem um atalho para ligar para o número 180 central de atendimento à mulher.
A iniciativa contou com o apoio institucional da ONU Mulheres. “A violência contra as mulheres e meninas é uma grave violação dos direitos humanos e nos chama a inovar para exemplificar as suas distintas formas de manifestação e enfrentamento”, diz Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres Brasil.
“As artes, e aqui, especificamente, o audiovisual, são uma importante ferramenta para promover a sensibilização e o engajamento de um público mais abrangente sobre o tema.”
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